Os iranianos tinham uma bela religião herdada do antigo período ariano, mais ou menos em 1000 AC. Ela teve inicio com um nômade chamado Zoroastro que era muito consciente do conflito do homem com a vida e meditou muito sobre isso. Tentou chegar à causa desse conflito e à maneira como ele poderia ser amenizado ou eliminado. Concluiu que tal conflito se reduzia a duas forças básicas constantemente em guerra: bons seres e atos de um lado e maus seres e atos do outro.
Zoroastro glorificou o bem, isto é, fez dele uma divindade – um ente divino chamado Mazda ou Ahura Mazda, literalmente significando Senhor de Sabedoria, que Zoroastro considerava Deus. Ahura Mazda tinha auxiliares que podemos comparar aos chamados anjos do cristianismo. O principal deles era Mithra, que representava a Luz espiritual. Em oposição a Ahura Mazda havia o poder ou a força do mal, também personificada, chamada Ahriman, que também simbolizava as trevas. Esta personificação do principio do mal se tornou mais tarde o satanás dos judeus e dos cristãos.
As escrituras sagradas do zoroastrismo são conhecidas como o Avesta, que consiste em vinte um livros. Somente um deles porem foi consideravelmente conservado – o Vendidad. Os demais livros estão combinados numa ordem litúrgica, ou seja arranjados para fins de ritual e culto.
Há grande diversidade na opinião acadêmica quanto à época em que viveu Zoroastro. Os gregos antigos diziam que ele vivera 5000 anos antes dos troianos ou seis mil antes de Platão. Estas datas remotas, segundo consta, são talvez uma interpretação errônea da tória de Zoroastro quanto às eras do mundo.
O Bundahish, do século nove A.D. e que é aparentemente fidedigno, situa o começo do ministério de Zoroastro em 258 anos antes de Alexandre, o Grande. Isto seria aproximadamente em 600 AC, mas existe duvida quanto a essa data.
Também não há concordância quanto aonde teria Zoroastro nascido. Uma fonte afirma que foi na vizinhança do Lago Urmis, em Azerbaijan. Uma outra aponta Rai, no nordeste da Media. Como profeta não foi honrado em seu próprio país. As mensagens e as revelações de Zoroastro foram rejeitadas pelo seu povo. Ele foi finalmente forçado a migra para Bactria onde teve mais sucesso e parece que daí suas doutrinas se difundiram para a Média e a Pérsia.
Zoroastro teve a sorte de contar com o apoio e a sanção de seus ensinamentos pelo rei Vishaspa, segundo consta dos Gathas. Contou ele também com outras aceitações de sua missão por parte do conselheiro Jaspa e de seu irmão Frashaostra. Zoroastro casou-se com Hvovi, filha de Frashaostra. Um dos primeiros devotos de Zoroastro foi seu primo Maidyoimangha, seguindo-se outros membros de sua família.
O progresso da nova seita foi lento. Houve a costumeira e típica reação psicológica a idéias novas e radicais, isto é, que diferem de velhos costumes e tradições. Primeiro houve indiferença às pregações e exposições de Zoroastro. Pouco a pouco sua capacidade de persuasão começou a vencer essas indiferenças e os seguidores dos conceitos tradicionais tornaram-se hostis a ele e lhe fizeram oposição. Vimos esse comportamento perpetuado ao longo da historia como na perseguição a Sócrates e a crucificação de Jesus e há muitos outros exemplos também no mundo cientifico.
É interessante observar que a oposição mais ativa a Zoroastro veio dos sacerdotes de outras seitas.
Como todo grande místico fundador de religião ou avatar, Zoroastro sentiu-se por vezes desanimado. Os escritos sagrados relatam que ele apresentou seu desanimo ao deus Ahura Mazda em suas meditações. Em essência fez ele a mesma pergunta que outros profetas e messias fizeram: “Se o Senhor realmente me incumbiu dessa missão e mensagem por que os homens não reconhecem a verdade?”. Amigos e patronos estavam começando a abandoná-lo e ele não sabia para que região deveria fugir.
Ao mesmo tempo, como místicos e fundadores de religiões posteriores, Zoroastro estava sujeito a tentações. Teve de suportar as lutas de suas paixões e seus desejos físicos de um lado e sua motivação espiritual de ouro. O livro sagrado do Avesta – Vendidad – fala fala destas tentações e que, segundo a Biblia, Jesus estava sujeito.
Também se diz que Zoroastro teve um nascimento miraculoso diferente da maneira normal de outros mortais nascerem. Isto, bem como várias obras miraculosas de Zoroastro, é narrado nos livros perdidos do Avesta e recontado em obras medievais.
O zoroastrismo, como todas as grandes religiões do mundo, também teve seus inimigos. Houve longas guerras entre os zoroastristas e reis descrentes. Neste particular também encontramos semelhança com os conflitos mencionados na Bíblia. Segundo historias que nos foram transmitidas, Zoroastro passou pela transição aos setenta e sete anos. Consta que ele foi assassinado por um feiticeiro ou sacerdote de uma das religiões mais antigas. É uma ironia que a própria religião seja às vezes culpada de todos os pecados e crimes que seus códigos morais condenam. Diz-se que Zoroastro foi morto quando efetuava um ritual num templo dedicado ao fogo conforme foi narrado por Shah-Nameh.