“Num primeiro momento ela estava com medo. Dizia precisar ir a um lugar mas não queria que eu a levasse porque era um lugar muito feio. Ia pedir a um conhecido que a levasse.”
São as impressões da decomposição do corpo físico gravadas no corpo mental. Ainda há pouco, com o colapso do corpo vital, a vida acabara por deixar o corpo físico. Órgãos, tecidos e sistemas se desintegram. Aquela energia recebida do planeta agora retorna à fonte. A lâmpada se quebrou. A energia retorna ao gerador. Entretanto as paixões, os desejos, os sustos, as apreensões, permanecem além da morte e aquelas lembranças da desintegração do corpo são vivas agora e parecem estar em algum lugar muito feio, até horrível às vezes.
“Num outro momento estava ela em uma espécie de ônibus ou coletivo bem cheio. Tive muitas dificuldades para chegar até lá. O acesso estava dificultado com muitos obstáculos. Após algum esforço consegui chegar. O lugar estava vazio. Procurei sua bolsa vermelha e não achei. A pessoa do lugar ao lado informou que ela havia sofrido uma tentativa de estupro. Finalmente consegui contato. Ela estava mais jovem, cabelos aloirados e muito nervosa. Dizia que um cidadão se dizendo meu amigo, com 2,95 metros de altura havia tentado o estupro e ela resistiu não se deixando envolver. Agora tremia muito e estava soluçante.”
São as lembranças do plano mental. Neste momento tudo vem à tona: paixões, acontecimentos, fatos marcantes, ilusões. Nosso inferno é mais real do que nunca. Prodígios da mente. Luz, aí, é imprescindível para minorar os sofrimentos. Nosso inferno é nosso; Ninguém passará por ele. O criamos e alimentamos por toda uma vida com desilusões, expectativas, sonhos desfeitos ou não realizados, temor, apreensões, agressões, posses materiais, pecados contra a carne, contra a humanidade, principalmente contra a consciência. Tudo isso fica registrado na mente, no corpo mental. E agora, livre das cadeias físicas e do jugo do ego, afloram livremente e parecem tormentos.
“Hoje me pareceu mais tranquila, mas um tanto indiferente, semblante sério, mais adulta. Envolvida por um ambiente nublado parecia estar em dúvidas em relação a mim, aquele ar meio desacreditado, como em tantas cenas de ciúmes.”
O momento é dela e tem que ser respeitado. Resta-me desejar mais luz no caminho que lhe resta e que só ela pode seguir.
Estou mais contente. Parece que a situação está melhorando. Desenvolvo esforços para manter as conexões dos nossos corpos mentais o mais possível. A vela que acendi numa tentativa material de significar a luz espiritual que desejo, bruxuleante no inicio, apagou-se várias vezes, mas, teimoso, reacendi tantas outras e por fim firmou-se. A parafina, ou similar, não parecia de boa qualidade, tanto que na seguinte a chama estava perfeita, firme e serena. Quem sabe os segredos da eternidade?