domingo, 6 de junho de 2010

Meu Anjo…

Meu Anjo assumiu-se mulher e casou-se comigo… Éramos bastante jovens, eu e meu Anjo… Foi uma felicidade total…. Tudo era novidade… Tudo era alegria e felicidade… Vieram as crianças… Viajamos… Passamos nossas alegrias em outras terras… Sempre juntos ainda que muitas vezes separados… Turnos… Obras… Amantes… Viagens… Nada nos separou… Continuamos juntos…Nem a cadeia conseguiu nos separar… Foi difícil, mas continuamos juntos, eu e meu Anjo…

Agora, um flagelo quer nos separar… Flagelo também é das coisas divinas… Diz estar cumprindo ordens superiores… Meu Anjo sofre… Era azul, mas está verde naquele leito de enfermaria… O flagelo quer levar meu Anjo para iluminar outras plagas… Sabe da capacidade do meu Anjo de se ocupar dos entes queridos… Tem sido assim conosco… Sempre na frente das coisas, dos acontecimentos… Meu Anjo nos criou a todos… filhos distantes… filhas dedicadas… marido ausente… todos dependentes seus… Meu Anjo está cansado mas não quer se despedir de nós… Distribui amor às escâncaras embora não o receba na mesma medida… Meu Anjo é incansável… limpa… arruma… lava… reclama… cobra… insistentemente… incansavelmente…

Meu Anjo sofre… Nós sofremos o medo de perdê-la… Não, esse flagelo não pode vencer… Nós o venceremos… Lutaremos de todas as formas e o venceremos… Não pode levar meu Anjo, nosso Anjo.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Após a morte…

Foi um sonho, mas parecia real; infinitos tubos vermelho alaranjados que terminavam em alguma área às vezes luzidia; cada tubo uma alma flutuante em direção ao topo reluzente num movimento suave e constante como fumaça a se expandir em consonância com algum som universal. No topo, vez em quando, um lampejar mais forte, como a permitir alguma ação, quiçá importante, pois ao realizá-la nos aproximamos mais do topo à medida que nos afastamos dos laçõs terrenos; dava para se ouvir lamentos e sussurros pedindo ajuda, uma informação que fosse talvez na curiosidade do que haveria “no outro lado”, mas a aproximação na direção da luz oblitera o sentido material e a comunicação pode se tornar impossivel.

Tive medo! Medo de me aproximar da luz e perder a comunicação com os que amo; mas como esquecer a maviosidade daquela luz e daquele som? Deve haver um propósito divino neste movimento de expansão constante da consciência a se fundir em uníssono com o som universal, um retorno às origens, e de maneira inexoravelmente aleatória, como o movimento do universo.

Não me foi dado ver ou sentir o propósito da vida material, aquele momento em que as vibrações universais se concentram em um novo ser, mas pelo menos entendi porque não se pode voltar da morte: é como se não houvesse morte, apenas um retorno ao Grande Movimento Universal, tal qual na lâmpada queimada quando a energia que acendia o filamento agora retorna aos polos do gerador; não dá para separar a energia do todo, a não ser através de uma nova lâmpada, uma nova vida.